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Que o álcool afeta muita coisa você já sabia, mas sabe como ele altera o sabor da sua bebida? / You already knew that alcohol affects a lot of things, but do you know how it changes the taste of your drink?

Você já reparou que ao adicionar água ao uísque, que reduz sua porcentagem de álcool, se revelam novos e sutis sabores? Ou que uma taça de vinho tinto tem menos sabor frutado do que suco de uva sem álcool? 

Já que nosso assunto principal é vinho, comecemos por inalar profundamente o vinho que está na sua taça para compreender este processo. Você pode descrever os aromas que detecta? Frutas secas, frutas frescas, flores, grama, madeira e/ou especiarias? Esqueça os caríssimos kits atopetados de aromas artificiais tipo morango de xarope ou cereja de balinha. Ou vice-versa. Uma boa maneira de treinar seu cérebro e aumentar a sua memória olfativa é treinar em feiras, jardins, floricultura e lojinhas de temperos.

 

 

 

 

Esta lojinha de temperos pode ser um banquete de aromas.

Graças ao nosso sentido do olfato,  podemos detectar até 10.000 odores diferentes, embora não possamos identificar todos eles. Isto acontece por causa do “limite de detecção” que é a concentração mínima de um aroma que deve estar presente para que possamos percebê-lo. Agora, atenção que isto é importante:

  1. Os aromas, também chamados de cheiros, odores e fragrâncias, consistem em uma ou mais moléculas de aroma. Os aromas são voláteis e atingem o nosso olfato através do intervalo entre os mesmos, ou seja, o espaço aéreo diretamente acima da superfície do líquido que vai eventualmente terminar nas nossas narinas.

2. Nós percebemos os aromas através do nariz (oronasal), bem como através da boca (retronasal). Cada vez que engolimos, a língua detecta os sabores (esse é outro papo) e os aromas sobem através pela parte traseira de nossa garganta e pela passagem nasal. Isto explica porque degustamos vinho usando uma técnica um tanto bizarra – fazendo ruído para movimentar e sacudir e arejar o vinho (e portanto, os aromas). Desta forma, não há necessidade de engolir o álcool, mas pode-se detectar melhor as moléculas de aromas voláteis do vinho.

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3. Muitos fatores influenciam os odores que podemos detectar durante uma degustação, inclusive o mecanismo de deglutição e o cérebro, porém o importante aqui é que cada molécula de aroma se comporta de forma diferente em distintos solventes, dependendo de suas propriedades físicas. As moléculas de aroma hidrofóbicas são adversas à água. Elas tendem a fugir quando cercadas por moléculas de água, subindo para o tal intervalo, onde é mais fácil serem detectadas pelo nosso olfato.

4. Por outro lado, as moléculas de aroma hidrofílico têm afinidade com moléculas de água e preferem permanecer em líquidos. O álcool (etanol) tem propriedades parcialmente hidrofóbicas. Isto explica porque as moléculas hidrofóbicas dos aromas encontrados em bebidas alcoólicas ainda permanecem em seu vinho apesar da presença do álcool.

5. A proporção de líquidos – água x álcool – determina quais aromas são mais fáceis de detectar do que outros: quanto mais álcool houver em sua bebida, os aromas mais hidrofílicos escaparão para o intervalo. Por outro lado, quanto maior o volume de água, mais aromas hidrofóbicos você terá escapando do líquido e se movendo para o intervalo.

Aqui vemos o Prof. Pedro detectando aromas no tal intervalo.

Na sua próxima degustação você pode ter certeza que o prazer da riqueza de aromas percebidos é devido também a este equilíbrio muito delicado de água x álcool. Graças à presença dele, conseguimos apreciar os sabores sutis dos nossos vinhos e bebidas alcoólicas favoritas e especialmente harmonizá-los com a comida!

 

 

 

 

 

Deguste os mesmos pratos com um vinho branco ou rosé (normalmente menos alcoólico) e com um tinto (tradicionalmente mais alcoólico) e tire suas próprias conclusões.

Fonte: O álcool e os aromas no vinho de Bernard Lahousse


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Have you ever noticed that adding water to whiskey, which reduces alcohol percentage, reveals new and subtle flavours? Or that a glass of red wine has less fruity flavour than grape juice without any alcohol?

Since our main subject is wine, let us begin by inhaling deeply the wine which is in our glass to understand this process. Can you describe any aromas? Dried fruits, fresh fruits, flowers, grass, wood and/or spices? Forget about the expensive kits with artificial aromas of strawberry syrup or baloney cherry. A good way to train your brain and increase your olfactory memory is to train at fairs, gardens, flower and spice shops.

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This spice shop can be a feast of aromas.

Thanks to our sense of smell, we can detect up to 10,000 different odours, although we can not identify all of them. This is because of the “limit of detection” which is the minimum concentration of an aroma that must be present before we can perceive it. Now, note that this is important:

1. The aromas, also called scents, odours and fragrances, comprise one or more aroma molecules. The aromas are volatile and reach our nostrils through the gap between them. It is the airspace directly above the surface of the liquid that will eventually end up in our nostrils.

2. We perceive the aromas through our nose (oronasal) and through our mouth (retronasal). Each time we swallow, our tongue detects flavours (this is another different post) and the aromas rise through the back of our throat and through the nasal passage. This explains why we taste wine using a rather bizarre technique – making noise to move, shake and aerate wine (and therefore the aromas). In this way, there is no need to swallow alcohol, but one can better detect the molecules of volatile wine aromas.

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3. Many factors influence odours we can detect during a tasting, including the swallowing mechanism and the brain, but the important thing here is that each aroma molecule behaves differently in different solvents, depending on its physical properties. Hydrophobic aroma molecules are averse to water. They flee when surrounded by water molecules, rising to such an interval where it is easier to be detected by our sense of smell.

4. On the other hand, hydrophilic flavour molecules have an affinity with water molecules and prefer to remain in liquids. Alcohol (ethanol) has partially hydrophobic properties. This explains why the hydrophobic molecules of the aromas found in alcoholic beverages remain in wine despite the alcohol.
5. The ratio of liquids – water to alcohol – determines which scents are easier to detect than others: the more alcohol in your drink, the more hydrophilic aromas will escape into the range. The higher the volume of water, the more hydrophobic scents you will have escaping from the liquid and moving into the range.

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Here we see Prof. Pedro detecting scents in such a range.

In your next tasting, notice the pleasure of the richness of perceived aromas is also due to this delicate balance of water vs. alcohol. Thanks to their presence, we have been able to enjoy the subtle flavours of our favourite wines and spirits and especially harmonize them with food!

Try the same dishes with a white or a rosé wine (usually less alcoholic) and a red wine (traditionally more alcoholic) and draw your own conclusions.

Source: Alcohol and aromas in the wine of Bernard Lahousse

10 presentes para você NÃO dar para seu amigo enófilo neste Natal

Então é Natal. Em épocas de crise a gente se vê forçado a usar a imaginação, sabe o ditado chatinho: na crise, crie. Aham, então tá.

Mas você tem aquela amiga(o) fanática(o) por vinho, quer agradar, não sabe como escolher um presente para ela/ele que não seja o Chatô Carô e se vê forçado a escolher uma lembrancinha criativa, talvez algo que você mesmo possa fazer?! Pode ser uma alternativa, porém não caia nas seguintes tentações:

1) Garrafa de vinho disfarçada de abacaxi.

Olha só o tempo que você vai gastar para fazer esta tralha, fora que vai danificar o chocolate com a cola quente. De quebra ainda vai acabar desmontando a coisa inteira no caminho. Tudo isto para cobrir uma garrafa e um rótulo que são por si só um ótimo presente.

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2) Roupinha para garrafa de vinho.

Um caso semelhante ao anterior, menos trabalhoso já que acho que dá para comprar pronta. Porém igualmente ridículo. Seu amigo quer colocar roupinha em algo? Adote um animalzinho ou compre uma boneca…

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3) Cinta para segurar copo de vinho.

Muito útil quando você é um profissional do vinho e precisa degustar, cuspir, fazer anotações, cumprimentar produtores e vendedores e ao contrário do polvo possui apenas 2 braços. Se não é caso da presenteada, você concordaria comigo que irá ser um tanto estranho quando toda a família andar pela casa com um raio de uma taça pendurada no pescoço. Sei lá. Só acho.

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4) Garrafa + taça de vinho.

Adoro as duas, mas quando você as junta num mesmo objeto é sinal que está bebendo no gargalo mesmo. A presença da taça ali não disfarça nada, ok? Sugira ao presenteado uma consulta com um bom médico quando ele chegar neste ponto. Será um presente muito mais útil.

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5) Xícara de café para vinho.

Nada contra tomar vinho seja onde for, aliás muito produtores franceses provam seus vinhos em xícaras quando trabalhando na adega. No entanto, este caso é muito parecido com o anterior. Quando você precisa disfarça vinho numa xícara, já era. Troque igualmente pelo presente anterior.

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6) Meia de Natal pedindo vinho para os moradores do lar.

Digo moradores do lar porque acho que a família deste ser já se mandou. Pinguça, folgada e não muito educada, já tá demais. Evite o divórcio de quem você quer bem e escolha outra coisa.

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7) Acessórios para vinho com cunho sexual. 

No caso temos 3 exemplos: um abridor, uma tampa para garrafas que ajuda a conservar o vinho e um porta garrafa. Nem vou entrar em muitos detalhes, apenas peço que imagine aquele clima felizão de Natal, família toda reunida e a doce vovozinha vai pegar o vinho, o abridor ou a tampa na cozinha. E apesar do que diz a legenda, não é sexy. Acredite.

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8) Meia de Natal para colocar vinho dentro.

Por que? Só pergunto porque? Expõe o vinho à oxigenação, põe o coitadinho em contato com plástico (horror, ó horror) e vai expor os convidados de quem usar este treco a um tremendo perrengue na hora de se servir. Tenho pena dos tapetes. Então, leva a garrafa mesmo, tá?

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9) Roupa porta garrafa. 

Disponível na versão inverno se o presenteado está em algum lugar onde está frio nesta época e também no modelito verão, caso dos habitantes do nosso amado país tropical. Seja como for, quando alguém precisa guardar a garrafa dentro da própria roupa é hora de ter uma conversa muito séria com a pobre criatura.

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10) Sutiã com canudo para vinho.

Nem sei o que dizer. Vai servir a família com este treco? Tomar sozinha? Bizarro? Assustador? Pervertido? Arrepiante? Asqueroso? Tantas perguntas. Uma resposta: Não. Não mesmo. Em hipótese alguma.

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Se você quer boas dicas de presentes para enófilos, procure aqui Acessórios especiais e úteis para quem ama vinho ou aqui Quiosque da Eu Levo Vinho

Hohoho!

1 sonho que virou virou uma realidade totalmente inovadora!

Ontem à tarde tive a oportunidade de ver um sonho realizado por gente da melhor qualidade.

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O Daniel, que foi meu aluno, primo da Fê, uma profissional talentosa com quem já trabalhei neste mundo pequeno que é o vinho no Brasil, realizou seu sonho com outros 2 sócios: Eles abriram a primeira e única loja de vinhos 100% brasileiros aqui em SP, lá na V. Madalena.

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O ambiente é descolado e descompromissado, sem a típica formalidade que cerca o mundo do vinho. Nas prateleiras da loja você escolhe o seu rótulo preferido para levar para casa. Ou toma lá mesmo. Não conhece vinho brasileiro tão bem assim? Sem problemas eles possuem 2 enomatics (aquela maquininha que serve vinho) com rótulos para provar e aprovar.

O Redbuteco oferece vinhos tintos, brancos e espumantes brasileiros garimpados em pequenos e médios produtores nacionais e que têm em comum a qualidade e o fato de nunca estarem nas prateleiras dos supermercados.

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Têm vários “bons drinks” e um cardápio enxuto, mas com o que você necessita para acompanhar sua escolha de vinho.

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Outra surpresa que você vai ter são os preços extremamente razoáveis para vinhos de boa qualidade.

Um sonho destes é o melhor para compartilhar com a gente, verdade?

Então olha lá no link deles: Red Buteco

E lembre-se: nosso blog é independente.

BiBs. 4 razões porque eles são bem legais.

Semana passada falamos sobre como conservar seu vinho de maneira a preservar da melhor maneira possível suas características no 4 Erros ao Armazenar seu Vinho Aberto.

E não é que de todas as pessoas, justo a Rô teve uma duvida sobre o seu consumo? Explico porque estou perplexa: porque a Rô além de ser minha irmã é uma grande enófila, assim como meu cunhado. Depois fiquei pensando, será que muita gente tem a mesma dúvida da Rô? Então aqui vai a resposta.

Obviamente os vinhos em garrafa contém toda tradição, ritual e charme que o caracteriza há décadas. E tem que ser assim para vinhos premium e super premium, cujo preço é bem mais alto porque são elaborados de maneira mais custosa do que os vinhos do dia-a-dia. Porém, veja bem, o Bib (Bag in Box, uma caixinha como esta aí em cima) permite que você:

  1. beba seu vinho com moderação. Eles têm entre 3 e 5 litros, então não tem aquela história de “não vou deixar só este golinho” e tomar a garrafa toda.
  2. economize. O litro do vinho em BiB custa cerca de 30% menos do que o vinho em garrafa.
  3. proteja a natureza. Os Bibs são mais baratos e fáceis de transportar e sua matéria-prima é mais fácil de reciclar que o vidro.
  4.  E óbvio, graças à tecnologia do Bag-in-Box, quando você se serve, o ar não é capaz de entrar. Isso significa que cada taça retirada da caixa é praticamente uma garrafa recém-aberta.

Aí vem a pergunta do milhão: como saber se um BiB é bom? Resposta simples: provando o vinho dentro dele. Uma boa idéia é escolher um vinho de uma garrafa que você provou e se gostar, leve um BiB para casa.

Eu tenho um exemplo bem prático sobre isto. Provei estes dias o Vinho Arbo Cabernet Sauvignon produzido pela Casa Perini no Vale Trentino no Berço da Imigração Italiana (Caxias do Sul / Serra Gaúcha), ou seja uma região respeitada pela qualidade de seus vinhos e uma das maiores vinícolas do país.

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Este é um vinho simples, jovem, sem compromisso com o envelhecimento. Mostra uma linda cor vermelho-rubi e tanto no nariz quanto na boca entrega uma fruta madura muito saborosa.Vai arrasar com sua pizza, com uma boa macarronada e enfrenta sem medo um bife de picanha.

Tem graduação alcoólica de 11,5%, o que um dos indícios que seja realmente um Cabernet mais leve, para ser consumido jovem.

De novo e sempre, este blog é independente. A defesa do Bib é pelo meio-ambiente que deixaremos para nossos filhos e a Casa Perini um dentre centenas de exemplos. E agora, está mais confiante em provar um BiB?

 

 

 

4 Erros ao Armazenar seu Vinho Aberto

Se tem uma coisa boa no final de um dia agitado, trânsito e stress, é uma taça de vinho. Para alguns nem é um luxo, é essencial para a sobrevivência na montanha-russa da vida. Seja ele branco, tinto ou rosé, o vinho nos ajuda a desligar o 220 volts do dia e flutuar  para uma noite tranquila de paz e sono profundo. Mas há uma boa chance de que você não esteja tratando este ser bondoso como ele merece depois de abrir sua garrafa. Aqui estão os erros mais comuns e como evitá-los.

1. Seu vinho está mal fechado no balcão na cozinha

É uma ótima idéia. Abrir sua garrafa na segunda-feira e beber um copo cada noite até a sexta-feira, deixando sua garrafa ali mesmo no balcão, ao seu alcance. É prático, é relaxante, é econômico e é saudável. Porém deixar seu vinho mal fechado no balcão da cozinha é uma das maneiras mais seguras de garantir que até o final da semana, ele vá pro vinagre, literalmente. A exposição ao oxigênio e a proximidade a possíveis fontes de calor como o forno e fogão, irão assegurar que a degradação aconteça rapidamente e o resto da sua garrafa terminará no ralo da pia lá pela quarta ou quinta-feira.

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2. Vinho aberto na geladeira, só se for branco.

Vinho branco e geladeira parecem ter uma conexão muito forte, desde o momento de servir, até o momento de conservar. Realmente, o serviço do vinho tinto, não requer geladeira, se você tiver adega, porém a conservação do vinho tinto na geladeira é essencial para sua duração. A nossa amiga geladeira vai proteger não só o seu vinho branco como o tinto das variações de temperatura.

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3. Você consome vinhos diariamente, mas se recusa a experimentar o bag-in-box. 

Eu sei, eu sei, a garrafa, a rolha, o ritual, é tudo um charme. Mas pensa bem no quanto você vai economizar com o bag-in-box. E não é só isso, é muito mais sustentável. Você bebe seu vinho com moderação, economiza e protege a natureza. Perfeito.

Mas não é só isso porque, graças à tecnologia do bag-in-box, quando você se serve, o ar não é capaz de entrar. Isso significa que cada taça retirada da caixa é praticamente uma garrafa recém-aberta. Dê uma chance ao BiB (para os íntimos), escolha um Bib de uma garrafa que você provou – no Brasil não são muito comuns, mas você encontra – e se gostar, leve para casa. Depois conta pra gente.

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4. Você não espera seu vinho chegar à temperatura correta.

A gente entende. Às vezes as mãos são mais rápidas que a razão e no impulso de degustar uma taça de vinho no fim do dia, a gente simplesmente não tem paciência de esperar.  O seu vinho guardado na geladeira pede muito pouco: cerca de 5 minutos para brancos e 10 minutos para os tintos, na taça, fora da geladeira serão suficientes. Isso permitirá que todos os sabores e aromas do vinho voltem à vida e você vai se divertir muito mais.

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Então você já tem bem claro, o oxigênio e a temperatura são as “falsianes” do mundo do vinho. Podem ser muito amigos ou ou piores inimigos. Logo, logo a gente vem com mais dicas do que você precisa para cuidar bem do seu vinho.

Não cheire a rolha!

Cena muito frequente em qualquer restaurante: você pede um vinho e o garçom (acho que um sommelier não faria isso) abre a garrafa, apresenta a rolha e você não tem idéia do que fazer com ela. A sabedoria popular diz que você deveria cheirar a rolha, um ritual que tem resistido com o passar dos anos ao redor de todo o mundo do vinho, alimentado a imagem esnobe da bebida por décadas. Agora a grande “novidade” é que quando você cheirar a rolha atentamente, você sentirá provavelmente 2 aromas: cortiça e vinho. Pouca surpresa, não?!

Observar a rolha é mais interessante que cheirá-la. Mas você pode pensar que uma rolha detonada quer dizer que  o vinho já era, quando na verdade, pode ser que só ela se danificou e o conteúdo interno ainda não envelheceu o suficiente para estragar.

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Certamente um vinho antigo, algumas notas de farmácia, verniz, esmalte, balsâmico, mas perfeitamente saudável, pois a rolha havia se deteriorado na parte externa e se mantido no contato com o vinho, protegendo-o.

Então, por que raios as pessoas cheiram a rolha?

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Para entender este costume, temos que voltar no tempo e buscar a época em que Bordeaux se tornou uma a região vinícola mais famosa do mundo. E já naquela época, começaram a aparecer as cópias baratas e falsificações de garrafas e rótulos dos chateaux mais famosos e conhecidos internacionalmente.

A fim de se proteger contra para os falsificadores e perder dinheiro para eles, a solução foi criar inscrições únicas sobre as rolhas no interior das garrafas. Se você fosse um cliente habitual do chateau, reconheceria facilmente sua inscrição única, e, olhando para a cortiça, você poderia confirmar ou não o vinho era um verdadeiro ou falso.

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Assim, quando um garçom apresenta-lhe a rolha, ele ou ela está apenas honrando uma antiga tradição. Sorria, agradeça e siga a análise visual, olfato gustativa que é o que realmente interessa. Lembra do nosso post: Como Ter Certeza que o Seu Vinho Estragou?

Fonte: dont-smell-cork

“Atravessamos o deserto do Saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara”… Mas a sede a gente matou com vinho.

“Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! Allah! Allah, meu bom Allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! Meu bom Allah”
Parece que apesar do pedido de água, os egípcios queriam mesmo era vinho.

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O rótulo é provavelmente a melhor fonte de informações sobre qualquer produto que você consuma, especialmente alimentos. E normalmente a mais ignorada. Milhares de ONGs se matam para consegui que as grandes empresas alimentícias coloquem em Arial 9 no canto direito do verso que o produto X contém um alergênico que pode matar alguém em minutos como, por exemplo, amendoim.

Provavelmente a falta de vontade de ler vem da quantidade enorme de informações que os rótulos contêm. Eu, pessoalmente, olho a data de validade e boa. Agora quando se fala de vinhos, todo mundo quer os detalhes picantes: vinícola? região? safra? casta?

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Obviamente, se você toma o exemplo de um vinhos francês o rótulo pode ser tão longo quanto um EBook, e provavelmente mais complexo do que muitos enigmas da humanidade.

Ainda assim,  sem o rótulo, não haveria maneira de identificar quais as uvas foram usadas para elaborar tal néctar, em quais das muitas regiões do mundo o vinho foi feito, qual dos grandes gênios da enologia moderna o elaborou, ou se sua safra foi seca, ensolarada, húmida, tardia, etc. E tudo isso parece meio sem graça para quem só quer uma vinhozinho para tomar com a pizza na sexta-feira, mas é uma informação fundamental para aqueles que põe preço nos vinhos. É exatamente por isso que os antigos egípcios inventaram o rótulo.

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Creia você ou não, entre 1.550 e 1.070 aC, o Egito dominava o comércio de vinho. Eles utilizaram pela primeira vez as ânforas, padronizando o transporte do vinho e tornando-o mais fácil, criando selos de canas e barro que protegiam o vinho enquanto ele rodava o mundo.

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Como o Egito se tornou o centro do mundo do vinho, o vinho rapidamente tornou-se a bebida prestígio entre nobreza. Os sumos sacerdotes e reis adotaram a bebida que não era nativa da região, mas acabou chegando por lá pelas rotas comerciais e foi adaptada ao terroir local. E não demorou para que os egípcios descobrissem o prazer de uma boa adega recheada de deliciosos vinhos para compartilhar com os amigos.

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Alguns deles até queriam levar suas ânforas preferidas consigo após a morte – caso do rei Tutancâmon que foi enterrado com mais de 26 ânforas cheias de diferentes vinhos – achando que valia garantir uma chegada animada no mundo pós-vida.

Os 26 vinhos descobertos no túmulo do rei Tutancâmon incluem exemplos como: “Ano 4. Vinho de muito boa qualidade da Casa-de-Aton do rio ocidental. Vinicultor chefe Khay “.

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Era por isso que eles queriam saber exatamente qual o vinho estava dentro de cada ânfora, portanto, um sistema de rotulagem foi adotado. O sistema foi extremamente específico, o ano, qual vinho foi elaborado, onde foi feito, quem o fez e até mesmo o estilo do vinho. Toda esta informação foi impressa na ânforas de barro enquanto elas secavam. Muitas vezes, também, os egípcios incluíam notas sobre o quanto de vinho as ânforas continham e se o vinho era bom, ótimo ou excelente – basicamente criando as primeiras avaliações do vinho.

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A safra, ao que parece, era a informação mais relevante para os antigos egípcios. Com base em escavações do túmulo de Tutancâmon, os pesquisadores descobriram que apenas vinhos produzidos em certas anos foram enterrados com o rei, levando-os a acreditar que até mesmo séculos atrás, esses amantes de vinho antigos estavam prestando atenção a que anos foram bons e quais eram ruins, estabelecendo padrões que seriam seguidos após milhares de anos!

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Fonte:The first wine label was invented in Egypt

Corinthians lança coleção de vinhos licenciados

O time com a segunda maior torcida do país (logo após o Flamengo) o Corinthians, acaba de lançar uma coleção de vinhos oficiais. A idéia é celebrar os principais feitos da equipe: o bicampeonato do Mundial de Clubes da FIFA em 2.000 e em 2.012. Segundo o site, a linha foi criada para celebrar o instinto vencedor do Corinthians.

Os vinhos são vendidos na loja online do site Loja Corinthians e segundo o mesmo site, serão comercializados com preços especiais até o dia 15.08.

A linha de vinhos tem o objetivo de apoiar uma iniciativa maior que consiste em promover o evento “Brinda Timão, com o mote “não importa onde você estiver, o que importa é ser Fiel”. A ação pretende que, no dia 1 de setembro de 2016, às 20h30 (horário de Brasília), todo torcedor corinthiano faça um brinde ao Timão em qualquer lugar do mundo. Ainda segundo o site, o time pretende que “este brinde demonstre toda a força e união dos torcedores, mostrando que o Corinthians é um dos maiores clubes do mundo.”

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O projeto engloba 6 vinhos cujas descrições retiramos do mesmo site citado nesta matéria:

. 2 vinhos do Porto

  • Vinho Campeão 2000 – Um vinho nascido na região do Douro, em Portugal, resultado de castas tintas tradicionais e envelhecido em cascos de madeira.
  • Vinhos Campeão 2012 – Um vinho nascido na região do Douro, em Portugal, resultado de castas tintas tradicionais e envelhecido em cascos de madeira.

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. 1 vinho branco – Um vinho nascido na região do Douro, bem estruturado, equilibrado e com bom suporte de taninos finos.

. 1 um vinho rosé – Um vinho com castas tradicionais portuguesas, agradavelmente rosado, resultado da sua composição intermédia entre o tinto e o branco.

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. 2 vinhos tintos

  • Vinho Tinto Reserva Corinthians – Um vinho nascido na região do Douro, em Portugal, uma combinação de frutas negras, ervas aromáticas e tostados que resulta num sabor macio e afável, que reflete uma maturação controlada.
  • Vinho Tinto Corinthians – Um vinho nascido na região do Douro, com castas tinta barroca, touriga franca e tinta roriz.

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A iniciativa realmente chama muito a atenção, primeiro pela escolha do vinho como bebida para a campanha. Sei muito pouco sobre futebol, até hoje nem sei o que é penalti, mas sei  sobre perfil de consumidor e num país como o Brasil que tem o consumo incipiente de 1,5 lt per capta de vinho, ofertar exatamente este produto a um time que é conhecido e pelo perfil popular da sua torcida, me parece uma escolha temerosa. Provavelmente algum tipo de cerveja artesanal teria mais apelo junto a estes torcedores. Isso sem considerar o preço…

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A campanha me pareceu bastante ousada. Achei muito legal não cederem à típica imagem do vinho:  produto sofisticado, consumido em momentos especiais e com um ritual todo específico. A referência à própria torcida com certeza terá um apelo muito maior junto a este público.

Tenho certeza tambémque os que apreciam vinhos sejam torcedores de qualquer time, não aprovarão quem elaborou os descritores dos vinhos para a campanha. São simples demais, pobres, não dizem quase nada sobre o vinho e 2 deles têm erros crassos:

  1. Vinhos brancos não têm taninos, a não ser em casos muito específicos, que não é o de um vinho do Douro.
  2. Vinhos rosés não são “resultado da sua composição intermédia entre o tinto e o branco”. Eles possuem um processo específico de produção.

Depois disso tudo só o que me resta é desejar saber o resultado desta campanha e concordar com esta última peça publicitária.

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Fontes:

Corinthians Vinhos

A longevidade da Vinícola Aurora e o problema da sucessão empresarial.

A Vinícola Aurora celebrou em fevereiro seus 85 anos de fundação. Inicialmente composta por 16 famílias de produtores em 1931, a maior cooperativa vinícola do país abriga hoje 1.100 famílias associadas, que produzem uma safra média anual de 65.000 toneladas de uvas, entre viníferas e de mesa, para a elaboração de 13 marcas, e mais de 200 itens do portfólio da vinícola.

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Coerente com o tamanho e a longevidade que tem, a Vinícola Aurora possui produtos para todos os perfis de consumidores: do Aurora Millésime Cabernet Sauvignon a alguns do mais conhecidos e melhor distribuídos rótulos de entrada, como Clos dês Nobles, Marcus James e Saint Germain. Esta empresa não só é parte da história do vinho, como da história do Rio Grande do Sul e hoje, líder no mercado brasileiro em suco de uva integral, vinhos finos e coolers, exporta para mais de 20 países e é uma das mais premiadas do Brasil nos concursos internacionais oficiais.

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Durante a colheita de cerca de 100 caminhões passam por dia em suas instalações em Bento Gonçalves, trazendo uvas das vinhas das tais 1.100 famílias. O contrato da Aurora com seus produtores é exclusivo e sua oferta é fixada em 8% a mais que o preço mínimo estabelecido pelo Ministério da Agricultura. É uma enorme operação. A Aurora produz cerca de 45 milhões de litros de produto por ano: 30 milhões de litros de vinho e 15 milhões de litros de suco de uva.

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Sua iniciativa de enoturismo também é pioneira e hoje uma equipe de 25 pessoas recebe cerca de 150.000 visitantes em sua adega a cada ano, onde se pode degustar vinhos em uma sala de degustação moderna e bem estruturada. Esses números refletem a posição da Aurora no mercado doméstico. O Instituto Brasileiro do Vinho diz que a Aurora é responsável por 31% do mercado de vinhos brancos e tintos, 29% do mercado de suco de uva e 61% do mercado de coolers.

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Os responsáveis pela empresa terminaram recentemente um projeto de pesquisa sobre as famílias que compõe a cooperativa. Eles descobriram que 23% das famílias têm apenas 1 filho, 44% têm 2 filhos e 11% não têm filhos. Eles também descobriram que apenas 10% dos seus membros têm menos de 45 anos, enquanto um pouco mais (11%) estão acima da idade de 76. Quando perguntados sobre quantos de seus filhos trabalham na propriedade, 59% dos membros responderam 0 e outros 34% responderam 1.

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Quem vai encher todos estes barris?

Pode até não parecer, mas o Brasil, o 5º maior produtor de vinhos do hemisfério sul com seu consumo ainda insipiente e estagnado em 1,5 lt per capita há décadas, enfrenta um problema semelhante a países do Velho Mundo como Grécia, Itália, Espanha, Portugal e outros milenares produtores de vinho do Velho Mundo: os filhos e filhas de viticultores estão cada vez menos interessados no ramo e menos propensos a assumir os negócios da família.

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A família reunida pelo mesmo negócio. Cena cada vez mais rara.

Não vamos esquecer que estamos falando de um negócio diretamente ligado ao “terroir”. Nos centros elitistas que desfrutam dos vinhos cuidadosamente elaborados, dando-lhes notas, pontos e descritores técnicos, se esquece que o começo do negócio está no campo, numa vida dura de agricultor, que inclui despertar cedíssimo seja frio ou calor, percorrer quilômetros de fileiras de vinhas buscando possíveis pragas, viver longe da comodidade de grandes centros urbanos e “administrar” podas, invernos muito quentes, verões chuvosos, geadas e colheitas, fatores que influem fortemente na qualidade e na quantidade de uvas colhidas.

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Cuidados diários com o vinhedo.

No entanto, sucessão é um problema que qualquer empresa familiar enfrenta com o passar do tempo. Ele só se agrava na agricultura e na vitivinicultura pela migração dos jovens para os grandes centros urbanos. Por exemplo, de acordo com a Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavits), este ano o estado vai colher 30% a menos que o ano passado. Uma vinícola específica que já chegou a colher 180 toneladas de uva, neste ano, colheu apenas 16 toneladas.

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Tudo isto é muito preocupante e a Aurora elaborou um plano estratégico para manter a geração mais jovem nas vinhas e no negócio. Alguns fatores estão contribuindo favoravelmente para isto:

  • 93% dos membros vivem na propriedade, abrir mão das vinhas significaria desistir da casa da família.
  • O tamanho das propriedades são significativos: 48% das propriedades são entre 6 e 15 hectares, 23% estão entre 16 e 25 hectares, e 17% são 26 hectares ou mais.
  • 40% dos membros são capazes de aumentar suas propriedades.
  • Diversidade na colheita: cerca de 1/3 dos membros cultivam outras frutas, além das uvas.
  • Quando perguntados se os seus filhos pretendem continuar trabalhando na propriedade, mais de metade dos membros disse que ou não ou que não sabem. Mas 44% disseram que sim.

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No entanto, o desafio da Aurora vai mais além. Sendo cooperativa a empresa tem uma e função social e compromisso com mais de 1.000 famílias que dependem de sua boa e justa atuação para sua sobrevivência, controlar a natural sede por lucros crescentes e manter a qualidade que a caracteriza. O primeiro passo está dado, a comunicação entre a cooperativa e seus membros é forte. A maioria, por exemplo, escuta o programa de rádio Aurora e está interessado em participar oportunidades educacionais específicos oferecidos pela cooperativa. E pode ser assim que vamos ver a Aurora seguir crescendo nos próximos 85 anos.

Fontes:

Succession plan for Aurora

Vinícola Aurora

 

Será que crescer o mercado de vinhos no Brasil passa pelo patrocínio de mega-eventos?

Bob Litwin, um experiente jogador de tênis, # 1 do mundo e 18 vezes Campeão Nacional de Tênis nos EUA, hoje trabalha como treinador de desempenho, não só com atletas mas com advogados, médicos, dentistas, empresários e outros. Um dos desejos deste ex-atleta visionário é alcançar um público raramente alvo dos marketeiros deste ramo: os Baby Boomers, a geração nascida no pós guerra que hoje tem entre 50 e 70 anos.

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Esta geração quer ficar em forma, se sentir mais jovem e se divertir, por isso o Bob gostaria muito de ver um fabricante de artigos esportivos, como a Nike ou a Adidas, criar uma campanha de marketing onde o pessoal desta geração possa testemunhar sobre como se sentem mais jovens através da prática de exercícios. A população dos Baby Boomers cresce num ritmo mais rápido do que todos os outros grupos etários combinados e gastam mais do que outras gerações com cuidados de saúde e combate ao envelhecimento. E cá entre nós, o vinho também pode ser uma ótima oportunidade para este público alvo.

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Está aqui a mamãe que não me deixa mentir, a Dna. Valtair, segundo o coordenador da academia, um exemplo, do alto de seus 76 anos de vida bem (cuidados) e vividos. 

Mas este não é um sonho só do Bob para os Baby Boomers.  A atleta Jackie Joyner-Kersee, 3 vezes medalhista de ouro olímpico e uma das maiores atletas de heptatlo feminino e salto em comprimento de todos os tempos, está preocupada com o consumo de bebidas açucaradas que levam à obesidade e estilos de vida insalubres em qualquer idade e o modo como as empresas irão abordar seus consumidores em relação a este polêmico tema.

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Ou seja, o esporte e a alimentação sempre caminharam juntos, mas com o avanço da ciência, da longevidade e da compreensão da essência da humanidade cada vez se pode explicar mais detalhadamente porque uma escolha é melhor que a outra.

No nosso post mais recente, vimos porque uma das 10 maiores vinícolas do mundo, a Jacob’s Creek, escolheu o tenista sérvio # 1 do mundo para representar seu espírito e comunicar seus valores, especialmente para os Millenials, a geração imediatamente posterior aos Baby Boomers e que deseja ver ídolos que representem não só luta, esforço, conquista, superação, mas que valorizem a diversidade e o modo como cada um de nós contribui para fazer do mundo um lugar melhor.

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Vencer é importante. Mas o comportamento do campeão, neste caso advindo da adversidade, conflito racial e luta pela mera sobrevivência foi um fator chave.

No Brasil, a Lidio Carraro, vinícola de Bento Gonçalves, abraçou a causa do esporte de uma forma surpreendentemente abrangente para nosso nível de evolução de mercado.

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A primeira vez que a vinícola familiar, encabeçada pelo casal Lidio e Isabel e tocada pelos filhos Patrícia, Giovanni e Juliano, envolveu-se num evento esportivo de porte foi em 2007. A vinícola produziu o vinho oficial dos jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro.

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Em 2010, a Lidio Carraro forneceu bebidas para o 30º aniversário da Stock Car.

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Mas o pulo do gato veio em 2014 com a participação na Copa do Mundo com 3 tipos de vinhos diferentes.

  • O branco utilizava as 3 uvas brancas mais representativas do Rio Grande do Sul: Chardonnay, Moscato e Riesling Itálico.
  • O rosé era elaborado com as uvas Pinot Noir, Merlot e Touriga Nacional.
  • O tinto teria sido uma homenagem ao futebol com 11 jogadores (uvas): Merlot, Cabernet Sauvignon, Teroldego, Touriga Nacional, Tannat, Ancellotta, Nebbiolo, Tempranillo, Pinot Noir, Alicante e Malbec

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“Se a Seleção tivesse vencido a Copa do Mundo muito provavelmente faltaria vinho da Linha Faces para comemorar. Mas uma taça já levantamos: a da exposição do vinho brasileiro no Mundial.” A declaração é de Patricia Carraro, diretora de marketing da Lidio Carraro. A alegria se deve aos objetivos alcançados – entre eles a comercialização, até o final de agosto, de 90% das 600 mil garrafas da linha especial feita para brindar o futebol brasileiro. Desse total, dois terços foram vendidos em território nacional e o restante enviado para o exterior. Impulsionada pela visibilidade do Faces, no último ano a empresa  triplicou as suas exportações. Ao todo, cerca de 20 países agora puderam provar os rótulos da empresa. Até maio, a companhia já havia exportado 90% do que esperava para o ano inteiro. No Brasil, o faturamento da vinícola alcançou o expressivo crescimento de 185% no ano passado, quase três vezes mais do que em 2012. Note-se que tudo isso segundo a companhia que por sinal, não revela sua receita anual.

A Lidio Carraro foi a marca exclusiva de vinhos e espumantes do Rio Open que aconteceu em fevereiro de 2016.

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E há poucos meses, a empresa lançou os primeiros rótulos dos vinhos dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos a serem realizados no Rio de Janeiro em agosto.

É interessante observar a emulação desta marca estrangeira gigante por uma vinícola brasileira que se auto intitula “boutique”, porque a situação do Brasil é completamente diferente, não só pelo mercado, mas pela empresa e pelos consumidores. Abraçar o esporte pode ser interessante para qualquer empresa, porém com um consumo per capta de vinho no Brasil estagnado em 1,5 lt há décadas ainda há muitas prioridades estratégicas em termos de marketing antes  do patrocínio geralmente milionário de grandes eventos.

Em nossa visão o caminho ainda percorre o básico na distribuição de um produto com qualidade/preço que atraia uma massa crítica de consumidores, a desmistificação do produto e a veiculação de campanhas publicitárias massivas que leve isso ao grande público consumidor. Aí sim, nos parece que estaríamos investindo para construir um mercado de vinho sustentável no Brasil.